segunda-feira, 26 de julho de 2010

Política da boa vizinhança é colocada em prática na Europa

ZERO HORA - NOSSO MUNDO SUSTENTÁVEL

Você gosta de cozinhar, mas não entende nada de costura. A vizinha do andar de cima é craque em atividades manuais, mas trabalha o dia todo e não tem como levar seu mascote para passear. Na porta ao lado, o estudante de 20 e poucos anos, recém-chegado do interior do Estado para cursar a faculdade sobrevive à base de pizza congelada e passa horas em frente ao computador todas as tardes.

Conseguiu fazer o link? Sim, enquanto você cozinha para o universitário "órfão", ele leva o cachorrinho solitário da vizinha para passear, e ela, mais tranquila com a nova companhia de seu poodle (ou qualquer outra raça que sobreviva bem em um apartamento), pode se dedicar a pregar todos os botões de suas camisas e fazer as bainhas daquelas calças que você comprou, mas nunca usou.

A política de boa vizinhança, onde todo mundo se ajuda, na Europa, tem outro nome. São os Bancos de Tempo. Só Barcelona, na Espanha, conta com pelo menos sete, distribuído em diferentes bairros da cidade. Neles, uma secretária controla as horas cedidas e recebidas dos correntistas, para que ninguém doe ou ganhe tempo demais. A iniciativa se baseia em reciprocidade. Todo mundo dá, todo mundo recebe. A única moeda de troca são os serviços, não se fala em dinheiro (reais, euros ou dólares). Seria, segundo algumas análises, uma evolução do conceito de voluntariado. Porém, em vez de uns só darem e outros só receberem, a aposta é em todos se ajudarem.

O sucesso dos bancos de tempo na Europa, já se espalharam para Portugal e Itália, talvez seja também fruto da crise financeira que estourou em 2008. Mas o fato é que, sendo por falta de euros no bolso ou não, a ideia aproxima as pessoas e permite que tenham mais tempo livre para fazer o que gostam — ler um livro, caminhar ou simplesmente não fazer nada. Além do mais, é inegável a satisfação de ajudar alguém fazendo algo de que se gosta e, em troca, encontrar uma pessoa para realizar uma tarefa para a qual não se tem nenhum talento ou simplesmente paciência para fazer. Que tal trazer a ideia para cá?

Como funciona

— A pessoa se cadastra em um dos Bancos de Tempo

— Em sua ficha, coloca as atividades que gostaria de receber e as que está apto a realizar

— Em seguida, recebe os contatos dos outros "correntistas", com os quais pode falar diretamente, sem passar pelo banco

— As trocas de favores não precisam ser diretas, o ideal é que se forme uma grande rede

— Uma secretária recebe e controlas os talões de horas dos associados do banco, para que ninguém receba ou doe tempo demais Coisas você pode fazer

— Cozinhar, costurar, passar roupa

— Ler e contar histórias

— Jogar xadrez, damas ou cartas

— Passear com cachorros

— Cuidar de crianças ou levá-las ao parque

— Ensinar informática — Levar idosos ao médico

— E tudo mais que você consiga imaginar

Nenhum comentário:

Postar um comentário